Eu sempre vou esperar o celular tocar. Sempre confiro as ligações perdidas, as mensagens. Eu sempre vou esperar. Pode ser que chegue um momento em que eu nem precise mais me antecipar à tecnologia, tentando prever o telefonema, o e-mail, o sinal de fumaça. Talvez um dia nem faça mais diferença.
Um dia a gente vira história pra contar. "Você lembra? Éramos tão jovens... Fizemos tantas coisas."
O problema, entretanto, que vem me roendo a bainha da calça é o que fazer com a sensação de que, não, não fizemos tudo o que tínhamos pra fazer? É preciso, mais uma vez, recolher a alma, dobrar cuidadosamente e colocá-la no bolso. Carregá-la pra longe e esperar. Longamente. Calmamente. O chão que parece ainda ter pela frente, o longo caminho não percorrido, cheio de sinais luminosos e placas apontando desesperadamente para que eu siga ainda não sei se, de fato, está lá. Me resta sempre a dúvida se é sensação mesmo ou se é esperança. Será que sou que quero, tão fielmente, acreditar que ainda há, sim, história a ser escrita?
Curioso é ao escrever isso, instantaneamente vir à mente aquela música que diz "E o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido". Nem foi tempo perdido... Não?
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