quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Desencarnando

Há dias acordo com um embrulho no estômago. Não tem antiácido que dê jeito. Já mudei alimentação, já fiz de tudo. Até que me dei conta. Eu esqueci de escrever. Esqueci como colocar o coração no papel, e não só ele, todas as minha vísceras. Cada pedaço das minhas entranhas se tornou monumentalmente real, adoecido, apodrecido. Realização incurável das dores e prazeres da alma, materializado abstratamente no corpo.

Hoje senti uma coceirinha na ponta dos dedos e entendi que precisava apalavrar meu corpo. Lembrar como desanestesiar a alma, livrar o corpo dessa peso. Partilhar a vida, desencarnar o coração. Como diria uma amiga, desopilar o fígado e engravidar as palavras. Me parece melhor do que infectar a carne, se envenenar aos poucos e morrer por não sentir.

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