Quem lê meu formspring já sabe que eu não acredito em perfeição. Que acredito na busca, no processo, no que encontramos no caminho. Exatamente por isso não acredito no homem perfeito, ou na relação perfeita. Roubando um termo bastante difundido na psicologia, eu acredito no que é suficientemente bom. Sem muitas explicações, vou resumir o que isso significa apenas dizendo que algo suficientemente bom não é perfeito e sem falhas. Ao contrário, possui falhas que são essenciais para a manutenção do que quer que esteja sendo constituído ali. Sendo assim, me arrisco a dizer que busco, também, as falhas.
O homem suficientemente bom foi discutido no Saia Justa, programa da GNT, essa semana e acendeu uma interrogação na minha cabeça: o que é um homem suficientemente bom? E um relacionamento? Eu, definitivamente, não tenho a resposta, mas não pude evitar pensar nisso.
Sabe aquela forminha que você criou quando criança? Aquela do homem dos sonhos, do príncipe encantado? A forminha na qual nós, mulheres, tentamos encaixar todos os homens que já passaram pela nossa vida? Então. Eu cheguei à conclusão que essa forma, essa maldita forma, só serve pra nos manter paradas no mesmo lugar. Ela está muito, muito longe de nos ajudar a encontrar o homem dos nossos sonhos. Inclusive porque o homem dos nossos sonhos, acreditem meninas, não é aquele que vai nos fazer felizes para sempre. Afinal, ele é perfeito. Ele não tem falhas, ele faz tudo como você sempre sonhou. Ele liga no dia seguinte, não deixa toalha molhada em cima da cama, lava a louça, tem muitas idéias geniais pra tirar o relacionamento da rotina, é bom de cama, carinhoso, engraçado. Ele é, simplesmente, perfeito.
Mas e aí? Cadê a surpresa? Cadê aquela dúvida que deixa a gente arrepiada, sobre se o cara vai te ligar? Que te faz andar pra cima e pra baixo com o celular na mão? Que te faz checar o email a toda hora ou a cada vez que a janelinha do msn sobe faz o coração disparar torcendo pra ser ele? O cara perfeito não deixa espaço pra isso. Ele tá lá. Ele te faz rir, ele te entende quando você tá de tpm, quando chora no final de Lendas da Paixão, não sente ciúmes de você e nem faz nada pra você sentir ciúmes. Ele vai te pedir em casamento exatamente da maneira como você imaginou e super vai concordar com o nome que você escolheu pros filhos. Você vai ser a dona de casa dos anos 50, do comercial da Doriana, mas sem a parte da submissão, porque, afinal, o homem perfeito vai dividir com você as tarefas domésticas. Vocês nunca, nunca, nunquinha vão brigar.
E aí? Que tal? Não sei vocês, mas eu sei que não quero uma vida tão monótona. Eu não quero sair com as minhas amigas e dizer "minha vida? Ah, nada acontece, tudo bem, como sempre". Eu quero que alguma coisa aconteça. Eu quero ter ciúmes, de vez em quando, ter medo de perder. Quero que ele também tenha medo de me perder e que, às vezes, a gente brigue por isso. Eu quero não saber se ele vai me ligar e ter tempo de sentir saudade. Eu quero poder ter a chance de ter vontade de ligar. Eu quero que ele não esteja lá por mim, em certo momento, pra que eu possa me dar conta do quanto eu queria que ele estivesse, da importância dele naquele momento. Eu quero ser surpreendida com, sei lá, uma visita no meio da tarde, quando ele devia estar trabalhando, só porque eu estou doente. Eu quero poder ficar puta porque eu estava doente e ele não foi me ver. Eu quero ter dúvidas, mas não muitas. Quero brigar, mas poucas vezes e só pra fazer as pazes depois. Eu quero sentir que eu nunca sei o que ele vai aprontar dessa vez. Não quero esgotar meu conhecimento sobre ele. Porque uma vez que a gente já sabe tudo, a gente perde o interesse e parte pra outra.
O homem suficientemente bom, pra mim, é aquele que não é perfeito. Que vai construir comigo os termos do nosso relacionamento, que vai ceder algumas vezes, mas que vai bater o pé e me fazer ceder em outras. É o homem que vai me deixar gritar e espernear e brigar quando for a hora de brigar, mas que vai me mandar calar a boca e dizer que eu to exagerando em outras. Ele não tem só qualidades e os defeitos dele vão me irritar o suficiente pra eu não querer nem andar de mãos dadas por uns minutos. E quando isso acontecer ele vai pegar minha mão à força em certos momentos, enquanto em outros vai sair andando na frente pra que eu perceba que fiz besteira e saia correndo atrás dele.

O meu homem suficientemente bom existe, porque ele não é uma idealização de quando eu ouvia histórias da Disney e acreditava que me príncipe viria em um cavalo branco me buscar. Ou que eu precisaria beijar sapo pra ele se transformar em príncipe. Ele tá la fora, em algum lugar que eu ainda não sei qual é. Posso desconfiar aqui e ali, mas certeza? Certeza só pondo à prova. E se beijar sapo for só uma metáfora eu me disponho a beijar muito "sapo" até encontrar meu "príncipe".
First \o =)
ResponderExcluirQnd vc disse q tava com tédio, pensei em dizer pra postar algo... certamente eu n me arrependeria.. mto bom =P
A questão é que não se é simplesmente suficientemente bom.. se é suficientemente bom para alguem, nao é um padrão. E claro esse alguém tb deve ser suficientemente bom para a outra pessoa. E como vc disse, para saber, só pondo a prova.
Nao sei pq esse post me lembra aquele texto sobre a pessoa errada =)
=*